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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Sacrifício de animais na umbanda

SACRIFÍCIO DE ANIMAIS NA UMBANDA

Por questão de necessidade quase que premente, e até porque hoje, 15 DE NOVEMBRO , comemora-se oficialmente 102 anos de UMBANDA NO BRASIL, estou interrompendo a seqüência de postagens de estudos sobre Orixás Cósmicos e a aplicação desses conceitos na compreensão de alguns fenômenos mediúnicos para, mais uma vez (destas que a gente pensa não serem mais necessárias) elucidar um assunto que parece até hoje não ter sido compreendido por uma boa parte dos que se dizem umbandistas, mormente por aquela ala de africanistas (eu diria, mais acertadamente, pseudo-africanistas) que ainda insiste, embasada numa entrevista dada por Dona Zilméia a uma dupla de "repórteres umbandistas" há alguns anos atrás, que a palavra SACRIFÍCIO, que teria sido usada por ela para descrever o ritual que era pedido por Orixá Malê deveria fazer entender, por extensão de compreensão, que na Umbanda Original ou mesmo em qualquer Umbanda existisse essa ritualização - SACRIFÍCIO DE ANIMAIS!

Por que eu coloquei entre parênteses PSEUDO-AFRICANISTAS?

Porque, logo de cara, qualquer VERDADEIRO AFRICANISTA, qualquer conhecedor dos rituais de imolação nos Cultos Africanos (de onde eles também insistem que nasceu a "Umbanda"), tanto os realizados no intuito de Iniciações, quanto os de "troca de favores" (generalizando) perceberia que a ritualização descrita logo à seguir, segundo a tal revista, não têm absolutamente NADA a ver com IMOLAÇÕES ou SACRIFÍCIOS.

Qualquer um que diga que o exposto à seguir se trata de um Sacrifíco Ritual, de uma Imolação, só pode, ou estar de brincadeira, ou ser um beócio em termos de práticas ritualísticas africanas.

Desde quando ABATER um porco fora do Terreiro pode ser considerado um ritual de IMOLAÇÃO (sacrifício ritual)?

Desde quando ofertar um Sarapatel pode ser considerado um ritual de imolação (sacrifício ritual)?

Já pensaram agora se os VERDADEIROS ARICANISTAS (Babás, Dotés, Donés, Yalorixás, etc) resolverem fazer suas Iniciações desta forma? Mandando abater os 4 patas lá fora, com o ato realizado pelo dono do abatedouro ou outro qualquer que não um iniciado preparado para o ritual?

Já pensaram naquele "Exu" pedindo a menga e mandando abater o bichinho no açougue? É pra rir ou pra chorar?

E o pior de tudo isto é que os que afirmam que o que Dona Zilméia descreveu à seguir era realmente uma imolação, ainda se acham no direito de se dizerem "os defensores das tradições africanas dentro das Umbandas". Nem percebem que ao defenderem tal tese, além de demonstrarem que NÃO CONHECEM UMBANDA, ainda estão RIDICULARIZANDO A RITUALÍSTICA AFRICANA, tanto para iniciações, quanto para outro qualquer fim e desta forma, também nada conhecem do que dizem estarem "defendendo".

Suas ânsias em quererem ver CABELOS NASCENDO EM CASCAS DE OVOS e IMOLAÇÃO NA UMBANDA é tão intensa que nem se dão conta do despropósito de suas afirmativas.

Mas ... qual será, em verdade, a intenção de verem SACRIFÍCIO RITUAL onde nunca existiu, principalmente apoiando-se num claro tropeço linguístico de uma senhora de mais de 90 anos já naquela ocasião (sacrifício, se havia, era dos médiuns que ficavam em vigília das oferendas)?

A resposta é simples: "Se conseguirmos provar que Zilméia fazia Sacrifício de porco pra Ogum (como nos parece na tal revista), estaremos tranquilos para podermos afirmar que em Umbanda sempre houve sacrifícios e, melhor ainda, que quando sacrificamos galinhas, galos, bodes, cabras, etc, ESTAMOS FAZENDO UMBANDA".

Pobres cegos guias de mais cegos ainda!!!

A começar pelo animal escolhido (porco pra Ogum) e adentrando pelo ritual descrito por ela logo após, só vê imolação quem ainda acha que 2+2=16, 24, 32 ... etc.

Ao analisarmos esses comportamentos, o sentimento que nos causa é de pelo menos pena.

- Pena por tanto desconhecimento;

- Pena por tantas ilações sem fundamentos;

- Pena pelas distorções que acabam causando nas mentes de outros, principalmente os que estão conhecendo (ou tentando conhecer) UMBANDA agora, e também sobre como se procede um ritual de imolação nos Cultos aos Orixás Africanos, seus preparativos de antes e depois, bem assim como seus objetivos em cada situação;

- E mais pena ainda pelo EMPORCALHAMENTO (foi proposítal sim!) a que reduzem as tradições africanas que dizem defender.

Sobre este tal sacrifício, que seria então de porco pra Ogum como querem fazer crer aos inexperientes (já está bisonho por aí, porque porco não se dá pra Ogum em qualquer tipo de Culto de Nação e muito menos em Umbanda), teríamos que analisar os seguintes parâmetros:

1- Os repórteres nada conheciam sobre Sacrifícios de animais e reproduziram, simplesmente e sem qualquer maldade, o TROPEÇO LINGÜÍSTICO de Dona Zilméia (o que pode acontecer com qualquer um);

2- Os "repórteres" sabiam que NÃO SE MATA PORCO PRA OGUM, e, maldosamente, antecipando que seus leitores nada sabiam disto, publicaram este despautério, já pra criarem polêmica;

3- Os "repórteres", pegando Dona Zilméia "num contra-pé", como chamamos, e usando a palavra SACRIFÍCIO, trataram logo de ir publicando, com os mesmos objetivos citados anteriormente.

De minha parte prefiro acreditar no desconhecimento sobre a matéria por parte dos entrevistadores, porque no segundo caso, se fossem honestos, como pressuponho que sejam, e sabendo da impossibilidade, pelo menos deveriam ter dado uma chance à entrevistada (de mais de 90 anos) de corrigir-se, perguntando-lhe à seguir:

- "A senhora tem certeza de que SACRIFICA PORCO PRA OGUM?"

- A senhora tem certeza de que o que nos relatou é um SACRIFÍCIO DE PORCO PRA OGUM?"

- Seu Pai, o Sr. Zélio de Moraes, e o Cab. das Sete Encruzilhadas compactuavam com essa idéia de que faziam "SACRIFÍCIO DE PORCO PRA OGUM"?

Como não houve pedidos de confirmação deste tipo, só nos resta entender que, nem Dona Zilméia sabia como se procede um Sacrifício Ritual (e não sabia mesmo porque nunca fez) e muito menos os seus entrevistadores, a menos que ... a intenção tivesse sido esta mesma: a de deixar esse "gancho furado" para que nele os pseudo-africanistas, os desconhecedores das ritualizações que dizem defender, se mostrassem em toda a plenitude, desmascarando-se para que verdadeiros umbandistas começassem a entender por que caminhos proliferam as tais "vertentes pseudo-africanistas", tão defendidas por aí afora, comandadas por oborizados "de primeira viagem" em sua maior parte (com excessões), quando muito.

Se foi isto valeu mesmo, porque o que se viu de "experts" em "africanismo", o que se viu até agora de defesa do indefensável, apenas para que se tentasse justificar, dentro de Umbandas como a que eles praticam, uma ritualização que não é E NUNCA FOI DE UMBANDA ... foi uma enormidade.

Se estavam tentando defender a tese dos Sacrifícios embasados em uma prática que a TENSP desenvolvia, com certeza ganharam o tiro pela culatra e acabaram mostrando que não conhecem o que dizem defender e achincalhando o que dizem defender, por extensão!

-"Mas Claudio, e nas Umbandas em que os Exus pedem copagens (cortes)? A gente tem que retirá-las da lista de Umbandas?"

Eis aí, muito certamente, uma das grandes chaves para que se adentre ao conhecimento sobre: Até onde vai a UMBANDA e onde começa a QUIMBANDA, num Terreiro Traçado.

Este é, sem dúvida, o ponto onde a grande maioria se embola toda, confunde uma coisa com outra e acaba afirmando que TUDO É UMBANDA.

Mas isto é tema para próximas postagens.

Vamos finalizar esta matéria com uma entrevista dada por Zélio de Moraes feita por Lília Ribeiro, Lucy e Creuza para a revista Gira da Umbanda, ano 1 – numero 1 – 1972.

A revista foi editada por Atila Nunes Filho e traz na capa a chamada:

EXCLUSIVO: "Eu Fundei a Umbanda"

Essa mesma matéria foi reproduzida em 2008 (outubro de 2008) no Jornal de Umbanda Sagrada, após pesquisa realizada por Alexandre Cumino.

Quem sabe assim, depois de lerem esta reportagem e depois ainda de terem lido a entrevista que fizemos com a atual Dirigente da TENSP, Dona Lygia, aqui exposta na matéria ENTREVISTA COM DONA LYGIA CUNHA,(clique no link) os pseudo-africanistas, defensores do indefensável, consigam se convencer de que EM UMBANDA NÃO EXISTEM SACRIFÍCIOS ANIMAIS?

Vamos à matéria, com alguns realces meus.


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