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domingo, 31 de março de 2013

Pontos Cantados
1. Existem registros sobre o primeiro ponto de umbanda? Se sim, qual foi ele?
Bem, esta é uma pergunta difícil de responder porque ela abrange vários aspectos e203489 várias formas de se compreender o significado, a função e mesmo a identidade do que é o ponto cantado. Inicialmente, diremos que há somente dois tipos de pontos cantados: os de raiz e os de louvação. Os de raiz são aqueles trazidos por entidades incorporadas, ou intuídos em médiuns que possuem a capacidade de recebê-los, ou ainda, pontos antiqüíssimos, tradicionais, rezas em línguas templárias e hieráticas.

Os pontos de louvação são, em geral, esses pontos que são compostos para realmente se “louvar” os mentores espirituais. Há muitos deles que são lindíssimos, verdadeiras odes à espiritualidade e há aqueles que são somente canções ruins, sem inspiração nem musicalidade, fruto muitas vezes, infelizmente, mais do marketing oriundo desses festivais de curimba do que de inspiração espiritual. O catastrófico é que muitos desses pontos vão parar no terreiro e aí muito da parte importante da tradição acaba se perdendo, pois os pontos de raiz vão sendo substituídos por estes, os pontos antigos vão sendo esquecidos e a prática de se receber mediunicamente as cantigas vai desaparecendo. Hoje são raríssimos os médiuns que possuem essa modalidade mediúnica, talvez a mais rara de todas, chamada de psicofonia.
O ponto de raiz possui símbolos próprios do inconsciente arquetípico em sua letra e em sua mensagem. Sua construção melódica possui uma estrutura quase sempre modal em pelo menos em uma de suas estrofes, e soluções interessantes em escalas pentatônicas, com esquemas de base menor, com uso bastante comum de escalas em Dórico, Mixolídio ou até mesmo em Lócrio, embora todas as escalas existam em criativas construções que realmente comovem e despertam os médiuns para a espiritualidade e ainda, movimentam forças que podem ser consideradas como magísticas.
Mas o segredo deste sistema dos pontos cantados, sua decodificação é uma construção fechada, de acesso a pouquíssimas pessoas. Normalmente, as canções de raiz são recebidas intuitivamente através de uma tradição verbalizada que se repete de geração a geração. Lembrando que muitas vezes a tradição de um terreiro é transmitida e é reconhecida pela maneira como se entoa os cânticos, ou seja, um filho cantará ao “estilo” do pai e este cantou ao “estilo” do avô, etc.
Os pontos cantados são o livro não escrito dos cultos afro-brasileiros e são o único fator que os une efetivamente. Aqui está uma das razões dos alabês serem quase sempre colocados em segundo plano pelos pais de santo, pois a união entre templos e terreiros é conseguida facilmente entre os músicos e este poder é frequentemente cortado pelos donos das casas, para se manterem dentro de seus próprios mundos, evitando contato mais direto com outros sacerdotes. Como o músico é o único capaz de fazer isso verdadeiramente, quase sempre ele é colocado em condições de anonimato nos terreiros.
Quanto ao registro sobre o primeiro ponto, se considerarmos as cantigas das Nações africanas, há em muitos livros antigos do Brasil, de Angola, ingleses e mesmo em antigos livros de historiadores árabes menção a eles. Ortiz, autor cubano, cita vários em suas obras. João de Freitas, em seu livro Umbanda, se não me engano de 1930, já coloca a letra desse ponto de Oxalá: “Oxalá, meu Pai, tem pena de nós tem dó… etc” Leal de Souza cita muitos pontos em suas obras, que são das mais antigas da Umbanda.

Há uma gravação de 1907 de um ponto do “Exu Quirombô”, que é citado por muitos médiuns antigos como o primeiro Exu a se manifestar nos terreiros e do ponto “Ele pisa no toco”, que pode ser ouvida no lançamento da nossa gravadora, Ayom Records “Deixa a Gira Girar”. Há ainda, as gravações das Missões de Mário de Andrade em 1928, onde ele gravou muitos pontos de terreiros de Toré, Catimbó e Candomblés do nordeste. O ponto do Caboclo das 7 Encruzilhadas data de 1908 e há cantigas tradicionais, que são ensinadas para as crianças nas escolas, tidas como “folclóricas” que na verdade são pontos de encantaria, tais como “Peixinho do Mar”, “Marinheiro Só” “A Cobra não tem pé”, etc.
2. Em novembro será comemorado o centenário da umbanda. Houve alguma mudança significativa nos pontos durante todo esse tempo?
Como eu disse, os festivais de curimba, embora eu respeite, contribuíram muito para empobrecer os pontos, pois suas melodias e ritmos se aproximam cada vez mais do modo como se canta samba-enredo, pagode, funk e até mesmo música gospel. A intenção é criar-se um mercado para esse tipo de atividade. Os pontos cantados e os ritmos de terreiro são grandes responsáveis pela criação da maior parte da música popular brasileira – Pixinguinha, João da Bahiana, Villa Lobos, Dorival Caymmi e outros se inspiraram nas canções de terreiro para produzirem suas obras imortais. Claro que sempre há a re-influenciação, o retorno, mas infelizmente a perda de identidade dos pontos é muito clara nos dias de hoje.
3. Qual a principal diferença entre os pontos? O que os diferencia uns dos outros e o que os assemelha?
Como eu disse, há os pontos de raiz e os de louvação. Mas há aspectos mais profundos e basilares, como a métrica, o sentido da invocação da letra que é o enredo e o roteiro do ponto. Há muitos pontos de Umbanda, cantados em português, que na verdade são pontos que na antiguidade eram cantados em Kibumdo, Fon, Yourbá ou Tupi. Darei doisr exemplos: há um ponto que fala: “Meu Xangô da colina, do alto da serra, com sua licença, com sua bandeira, vamos saravá”. Provavelmente quem o escute, mesmo dentro do terreiro, não sabe que no mistério do ponto está implícito o mito Yorubá de Oba Kossô, um dos maiores mistérios do Xangô sacrificado, o símbolo máximo da transcendência através da morte, que é o encontro do iniciado com a verdade. No mito yorubá, Xangô foi enforcado no alto da colina de Kossô, perto de Oyó. É claro que esse mistério está velado na canção.Todo ponto de raiz possui um mistério que só os alabês iniciados com anos de prática conseguem traduzir e compreender.

A letra de um jongo famoso – os Jongos são a ponte entre a música de terreiro e o samba -fala de uma “Botica” (farmácia). Em determinado momento, diz: “desaforo de Camundongo, pegou vara, foi cariá, menino tá na paineira, quero vê quem vai tirá…” Explicitamente, a letra fala de alguém que tem de tomar conta de uma farmácia, e não se sente capaz disso. Fala que um ratinho petulante pegou uma madeira e foi roer e que um menino está no alto de uma paineira. Aparentemente nada faz sentido, mas o texto refere-se, secretamente, em linguagem velada, como uma louvação ao Nkice Kaviungo, o senhor das doenças e da terra, o médico dos povos Angola/Congo, sincretizado com o Omulu Yorubá. O Camundongo é um dos bichos relacionados a este Nkice, pois anda na terra e faz seu ninho com a palha, símbolo essencial de Kaviungu. A linguagem cifrada ainda diz da paineira, árvore dedicada a esta divindade

Com estes exemplos, percebe-se que canta-se, fundamentalmente, mais para o inconsciente coletivo, para a manutenção de uma idéia ancestral do que para as individualidades. Este recurso dos pontos cantados é que permitem que as tradições se preservem e sejam passadas adiante às gerações vindouras, com poucas alterações. Basta ouvir um ponto e buscar nele o fundamento que se quer.
Pontos de tradição Angola se assemelham muito a pontos de Encantaria, de origem indígena, devido ao fato dos Bantu terem sido os primeiros a chegar ao Brasil e a incluír os ancestrais da terra em seu panteão, adotando o modo de se cantar e de se louvar às divindades brasileiras, adaptando muito dos cânticos em Tupi ao Kibundo e mesmo ao português, em sua estrutura rítmico/melódica.

Nesse sentido, ritualisticamente, o branco contribuiu muito fortemente para a estrutura do canto do terreiro tanto com o modo litúrgico de se cantar da Igreja Católica quanto das sinagogas Judaicas e mesmo com os cânticos originários do paganismo Ibérico. O que une fortemente estes vários modos de canto, do negro, do índio e do branco é a estrutura modal, que vai do Canto Gregoriano aos lamentos do Kuarup e às rezas Bantu/Yorubá. Por isso, algo a ser estudado é a acentuação do modo de se cantar os pontos no Brasil. Se compararmos, por exemplo, nossos cânticos com os da África e de Cuba, cantados em Yorubá ou em Kibundo, vamos perceber que a pontuação, a acentuação, é completamente diferente. Isso se deve à influência do espanhol e do português no modo de se entoar os cânticos e evidentemente à diferença da estrutura rítmica, pois um mesmo canto na África pode ser entoado em 6/8, em Cuba em 2/2 e no Brasil em 2/4. Diferenças mínimas como essas são seriíssimas e modificam completamente aquilo que chamamos internamente dentro do aspecto iniciático dos alabês como invocação das egrégoras
4. Há algum dado exato sobre a quantidade de pontos existentes no Brasil?
Não. Este estudo nunca foi feito. Acredito que a primeira estimativa possa ser baseada em nosso acervo, que está próximo, calculo eu, das 20.000 cantigas. Mas há muito mais que isso. Muita coisa se perdeu e muita coisa surge a todo momento, pontos que são compostos e mesmo recebidos em transe por médiuns em todo o país.

5. É verdade que existe uma infinidade de letras diferentes, mas que os ritmos se mantêm quase sempre os mesmos?

Sim, há tantas letras quanto existem pontos, obviamente. Há, as vezes um mesmo ponto que pode ser entoado melodicamente de forma completamente diferente, dependendo da escola a qual pertença. Por exemplo, um terreiro do Rio de Janeiro, de origem Bantu pode cantar um mesmo ponto que se canta numa encantaria do nordeste, com a mesma letra, mas com um outro ritmo e melodia. Quanto aos ritmos, essa é uma questão especial, pois no Brasil há incalculáveis variações rítmicas de 22 bases ancestrais, que se relacionam com mistérios de tradições antiquíssimas. Muitas vezes um ritmo surge apenas por variações interessantes das vocalizações dos tambores – pois os tambores, para quem conhece seus mistérios realmente FALAM -, principalmente nas conversas dos médios e agudos, classicamente chamados de Rum e Rumpi, que procuram “cantar” a melodia do ponto, servindo como ponte para a conexão com o mundo astral através de códigos que se propagam e “atraem” a personalidade astral que se pretende invocar. Uma coisa que está se perdendo cada vez mais são as vozes dos tambores. Hoje ensina-se em escolas de curimba a tocar todos os atabaques de uma mesma maneira – quando na verdade cada atabaque possui um ritmo diferente do outro -, o que é a maior perda visível da identidade da tradição do tambor e a conseqüente descaracterização do que é o sacerdócio musical das tradições afro-brasileiras.

6. Quais são os pontos mais “populares”, mais conhecidos pelas pessoas ou mais tocados nos centros?


Existem muitos pontos “populares”, de raiz, que praticamente todos os terreiros de norte a sul do Brasil conhecem. Um deles é o ponto do Sr. Exu Tranca Ruas, o “Sino da Igrejinha”. É mais conhecido que o Hino da Umbanda, este um exemplo lindíssimo de ponto de louvação. Outro muito conhecido em vários terreiros é o de abertura, “Eu abro nossa gira com Deus e Nossa Senhora”; Das nações, talvez o mais conhecido seja um dedicado a Oxum, mas na verdade é de Ifá,que por extensão, pelo caminho dos Itáns (mitos e histórias arquetípicas dos orixás) se aproxima das vibrações desta Yabá. É aquele “Ê, emoriô, etc….”. Um ponto Bantu muito conhecido é o “Ê Maville Mavangu”. O Brasil inteiro canta. Mas disparado, o ponto mais conhecido de todos é um de Jurema, gravado por muitos cantores populares, aquele… “Marinheiro só”.

7. Qualquer pessoa pode tocar ou cantar os pontos ou é necessário ter uma preparação específica?


Normalmente a preparação se dá pela vivência, mas para se tornar um Alabê, um Onilú, um músico-sacerdote é preciso, sim, uma iniciação de muitos anos, mais de 21. Pois as invocações, as rezas, os toques, as consagrações são procedimentos extremamente sérios e profundos, mexem com o equilíbrio das pessoas. Mexem com a identidade mais secreta da estrutura do próprio terreiro onde são entoados. A iniciação final de um Alabê, para que ele seja um Onilu é coisa tão séria que antigamente tinham de estar reunidos um Babalaô, um Babalossaim e um outro Alabê consagrado. Isso tudo se perdeu completamente, infelizmente.


Caso o terreiro tenha ou não tenha atabaque (uma coisa não anula a outra. O Ayan Poolo, o espírito da música está dentro da alma do sacerdote músico. Ele sabe perfeitamente quando e como se deve usar um tambor ou não) a arte e a ciência de se invocar uma entidade é coisa muito séria. Desculpe a sinceridade, mas não é algo que se alcance em cursos de um mês, não é algo que se alcance em festivais de curimba, muito pelo contrário. Ponto cantado e ritmos sagrados não são celebrações que se assemelhem a ritmos de escola de samba (embora o samba tenha saído do terreiro), ogãs e alabês não são cargos para serem produzidos em série, como numa indústria. Repito, eu respeito quem o faça, mas há que se entender a distância entre tocar num templo e tocar num estádio de futebol, ou num salão de baile. É como se ouvir um cântico num terreiro e um cântico numa gravação. Uma coisa é gravação em disco, outra é o fenômeno vivo de um tambor consagrado soando dentro do ambiente correto, com a vocalização adequada. Pode-se tentar simular isso, em festivais, mas aí o que ocorre é uma outra coisa, não é algo sagrado, são apenas exemplos musicais do que se faz (ou não deveria ser feito) dentro do terreiro, as pessoas que se dizem ogãs e alabês tem de entender essa diferença.
Os alabês, ogãs, xicarangomas, olubatás, atabaqueiros, etc são as únicas figuras dos terreiros do Brasil que conseguem unir todos os templos sob uma única bandeira, pois a música é a trilha sonora para todos os acordos e para todas as tréguas. Se você colocar um pai de santo do Batuque do sul com um mestre de Jurema do norte num mesmo rito, provavelmente eles não vão se entender. Mas se você colocar um Tamboreiro tocando com um tocador de Ilu, eles vão se entender rapidinho, vão cantar e tocar juntos, vão se comunicar e vão se unir facilmente. É por aí que a “Banda” gira.

quarta-feira, 27 de março de 2013

“Magias e Mistérios do Povo Cigano”
Quando abordamos os segredos das magias do Povo Cigano, muito se diz, das Entidades, dos Mestres, dos Ciganos Astrais, numa liturgia colorida, intrínseca e abrangente.
Mas nós Povo Cigano, ainda encarnados, temos as nossas magias em conjunção com os mistérios espirituais, para diversos casos. Pois muitos, apesar de cultuarem fielmente, e de trabalharem espiritualmente pela caridade, pôr não terem um embasamento próprio dos ciganos, acabam muitas vezes caindo num lugar comum:
“Ajudo a tantos, mas não sei me defender das forças maléficas, não sei ajudar a mim mesma…..”.
E quem já não ouviu de alguém esta frase?
Mesmo que o interlocutor seja um dedicado trabalhador das forças astrais?
Todos nós já ouvimos e até mesmo alguns de nós, já pronunciamos.
E porque isto acontece?
Porque a Magia (todos os tipos), a Espiritualidade (de todas as formas), e os mistérios, são um aprendizado continuo.
É um sentar no banco escolar da espiritualidade, sem esmorecimento.
Quando abordamos uma cultura sem um codificador, fica ainda mais difícil. E o trabalho é duplicado, necessita-se de estar sempre em pratica, trabalhando elementos da magia, protegendo-se, discernindo, se familiarizando ainda mais com os segredos do povo das estradas.
Afinal, nós como povo, somos misteriosos, não só por fora, mas principalmente por dentro, afinal você já entrou na casa de um cigano?
Sabe para que serve aquela terra no jarro em cima da pia da cozinha?
Isto são segredos das ciganas, assim como o que guardam em suas cestas de magia, afinal, para que tantas sementes?
Como eles identificam as formas sutis?
Como nós interagimos com os elementos?
Estes questionamentos são formas individuais de uma parte da cultura não revelada ainda aos que são Ciganos de Alma.
Porque?
Hão de perguntar, porque toda nossa vida esta permeada de religiosidade, em todos os momentos. Os ciganos tem características tão próprias quanto secretas. E mesmo quando parte de nosso povo acompanha, a dinâmica do mundo, se sedentarizando, isso não nos faz, deixar nossos ritos de lado, e assim eles permanecem em toda nossa estrutura de viver.
Os costumes, os rituais, o acompanhamento das mudanças de estação, assim como a influencia da lua, dita muitas das decisões tomadas na casa de um cigano.
O povo cigano é admirador e conhecedor da força feminina, que é capaz de muitas magias.
As ciganas seguindo esta linha de religiosidade tem muitos segredos só delas.
Isto é demonstrado na força que elas tiram das ditas “fraquezas” de seu próprio corpo. Pois as ciganas tem força de magia, mesmo quando parecem que estão fazendo a tarefa mais simples (comida – alquimia dos alimentos) e as fazem sem alarde, simplesmente, fazem.
Para uma cigana, sua menstruação, seu sexo, sua fertilidade, seus cabelos são a sua força mágica, da onde ela tira muitas benesses para os seus que estes nem sabem.
O Povo Cigano é assim, prospero, bonito, sabe que através de todos os seus gestos, contem uma condução de forças espirituais, que pelas palavras que proferem, podem trazem ou fazer o bem ou o mal a si mesmos.
Por isso conduzem bem sua magia para socorrer gente sofrida.
Nós, ciganos nos valemos da sabedoria, dos mistérios das artes, de nossa forte estrutura, de nossa intuição, observação e psicologia, para receber estes irmãos com um ensinamento puro sobre a nossa cultura e nossa vida.
Você que busca entendimento com o mundo espiritual para atenuar as dores, e trazer alento aos necessitados, saiba que primeiro haverá de conhecer esta magia e aprender, para se preparar dignamente para o trabalho astral, podendo desvendar os meandros mais simples, do dia a dia em caráter fidedigno, os meandros na manipulação da Magia Cigana.
Os segredos perpetuados hoje, se faz livre de perseguições.
Então, você “Cigano de Alma” pode se beneficiar usando o conhecimento, abrindo seus caminhos para uma espiritualidade, rica, colorida, mas que acima de tudo, descansa carregando pedra.
 

terça-feira, 26 de março de 2013

Conhecendo seu Guia na Umbanda


É muito comum no inicio das incorporações, quando a gente está ansioso, com medo , curioso e inseguro para saber quem são nossas entidades, como trabalharam, nomes, etc… Todos nós médiuns já passamos por isso…..Quando há as incorporações o médium fica mais que atento a qualquer palavra que saia de sua boca “se eu falando ou a entidades, o que vai acontecer agora, o que ele tá fazendo” ….. tudo isso faz parte do ínicio, pois ser consciente é perfeitamente normal e não é sinal de “falta de firmeza, ou imaturidade nas incorporações, ou fraqueza do médium.
medium
E é nessa fase onde o médium atua muito junto com a entidade, por sua participação , ‘interatividade” que é peculiar nesse ínicio, ocorre maior incidência de uma interferência do médium , sobrepondo a da entidade.
Porém, com o passar do tempo, o médium vai ganhando confiança, vai aprendendo a ficar mais alheio das manifestações da entidades, pois para ele não terá mais mistérios e se reservará da total abstenção de qualquer tipo de interferência, inclusive de sua própria opinião do que a entidade deveria agir, falar ou conduzir numa consulta.
Muitas pessoas desistem no inicio, por não aceitar sua consciência e não conseguir trabalhar psicologicamente essa questão e achar que é ele ali e não a entidade. De não insistir e entender que as incorporações vão se firmando com o tempo. Pois nossa forma de trabalhar mediúnicamente é muitíssimo diferente de Candomblé e Espíritismo. E para a Umbanda a afinidade e sintônia nas incorporações é de fato, mais demorada. E nesse processo de ajustes, equalizações e estabelecer uma sintonia satisfatória , o médium deve entender que haverá sim erros, o seu sobrepor a propria entidade, o animismo, porque faz parte desses ajustes. Por isso o médium não deve ser pemitido ao estarem sob influência das entidades; beber, fumar e principalmente, dar consultas e atender o público, quando essa sintonia não se estabelecer de fato, avaliado pelo dirigente e guias chefes da casa.
Nao é que não podem ….. é normal as entidades não darem nomes de suas falanges no ínicio, pois o médium ainda não está preparado mediúnicamente falando … demora-se um tempo para estabelecer uma sincrônia entre a faixa vibratória da entidade com a do medium e somente quando houver harmonia, e com menos risco de animismos por parte do médium, é que elas trazem sua falange.
Antes de tudo cada guia que incorpora é único, cada um é um espírito em particular, com seu jeito de agir e pensar. O nome de que se utilizam é apenas um indicativo da forma que trabalham de sua linha e irradiação. Por isso podemos ter vários espíritos trabalhando com o mesmo nome, sem que sejam por isso um só espírito.
caboclo
É como ser um médico, engenheiro, etc… Todos possuem um conhecimento comum, além do conhecimento individual. E isso faz com que trabalhem de forma diferente, mas seguindo a mesma linha geral. A mesma coisa acontece com nossos guias, então é comum escutar:
- Como é o Caboclo X?
- Me conte a estória do Preto Velho Y
- Como é o ponto riscado do Exú Z?
Isso pode ocasionar vários promelhas no início do desenvolvimento, o médium lê uma descrição de que o Caboclo Y fuma. E ele fica com “isso” na cabeça, assim que chega no momento de trabalhar com o seu guia o Caboclo Y (também) ele pede um charuto, e aparti daí fica mais difícil de romper essa barreira anímica criada pelo médium.
Ou então o médium lê que o Exu Z quando incorpora ajoelha no chão, aí pensa, “nossa o que eu incorporo não ajoelha!!!” e começa a se sentir inseguro quanto a manifestação do seu guia, podendo com isso atrapalhar o seu desenvolvimento.
Pra resumir, a melhor forma de conhecer seu guia e através do tempo, do desenvolvimento e do trabalho com ele, assim pouco a pouco você vai se interando de como ele é, como gosta de trabalhar, etc.
Tirado do texto de A. Araújo
NÃO TENHO VERGONHA DE DIZER EU SOU UMBANDISTA, E DAÍ????
Eu sou Umbandista… Mas o que é isso? O que é ser Umbandista?
É não ter vergonha de dizer: “Eu sou Umbandista”.
É não ter vergonha de ser identificado como Umbandista.
É se dar,acima de tudo a um trabalho espiritual.
É saber que um terreiro, um centro, uma casa de Umbanda é um local espiritual e não a Religião de Umbanda em seu todo, mas todos os terreiros, centros e casas de Umbanda, representam a Religião de Umbanda.
É saber respeitar para ser respeitado, é saber amar para ser amado ,é saber ouvir para ser escutado, é saber dar um pouco de si para receber um pouco de Deus dentro de si.
É saber que a Umbanda não faz milagres, quem os faz é Deus e quem os recebe os mereceu.
É saber que uma casa de Umbanda não vende nem dá salvação, mas oferece ajuda aos que querem encontrar um caminho.
É ter respeito por sua casa, por seu sacerdote e pela Religião de Umbanda como um todo: irmandade.
É saber conversar com seu sacerdote e retirar suas dúvidas.
É saber que nem sempre estamos preparados. Que são necessários sacrifícios, tempo e dedicação para o sacerdócio.
É entrar em um terreiro sem ter hora para sair ou sair do terreiro após o último consulente ser atendido.
É mesmo sem fumar e beber dar liberdade aos meus guias para que eles utilizem esses materiais para ajudar ao próximo, confiando que me deixem sempre bem após as sessões.
É me dar ao meu Orixá para que ele me possua com sua força e me deixe um pouco dessa força para que eu possa viver meu dia-a-dia numa luta constante em benefício dos que precisam de auxílio espiritual.
É sofrer por não negar o que sou e ser o que sou com dignidade, com amor e dedicação.
É ser chamado de atrasado, de sujo, de ignorante, conservador, alienígena, louco. E ainda assim amar minha religião e defendê-la com todo carinho e amor que ela merece.
É ser ofendido físico, espiritual e moralmente, mas mesmo assim continuar amando minha Umbanda.
É ser chamado de adorador do Diabo, de Satanás, de servo dos encostos e mesmo assim levantar a cabeça, sorrir e seguir em frente com dignidade.
É ser Umbandista e pedindo sempre a Zambi para que eu nunca esteja Umbandista.
É acreditar mesmo nos piores momentos, com a pior das doenças, estando um caco espiritual e material, que os Orixás e os guias, mesmo que não possam nos tirar dessas situações, estarão ali, ao nosso lado, momento a momento nos dando força e coragem; ser Umbandista é acima de tudo acreditar nos Orixás e nos guias, pois eles representam a essência e a pureza de Deus.
É dizer sim, onde os outros dizem não!
É saber respeitar o que o outro faz como Umbanda, mesmo que seja diferente da nossa, mas sabendo que existe um propósito no que ambos estão fazendo.
É vestir o branco sem vaidade.
É alguém que você nunca viu te agradecer porque um dos seus guias a ajudou e não ter orgulho.
É colocar suas guias e sentir o peso de uma responsabilidade onde muitos possam ver ostentação.
É chorar, sorrir, andar, respirar e viver dentro de uma religião sem querer nada em troca.
É ter vergonha de pedir aos Orixás por você, mas não ter vergonha de pedir pelos outros.
É não ter vergonha de levar uma oferenda em uma praia ou mata, nem ter vergonha de exercer a nossa religiosidade diante dos outros.
É estar sempre pronto para servir a espiritualidade, seja no terreiro, seja numa encruza, seja na calunga, seja no cemitério, seja na macaia, seja nos caminhos. Seja em qualquer lugar onde nosso trabalho seja necessário.
É se alegrar por saber que a Umbanda é uma religião maravilhosa, mas também sofrer porque os Umbandistas ainda são tão preconceituosos uns com os outros.
É ficar incorporado 5, 6 horas em cada uma das giras, sentindo seu corpo moído e ao mesmo tempo sentir a satisfação e o bem estar por mais um dia de trabalho.
É sentir a força do zoar dos atabaques, sua vibração, sua importância, sua ação, sua força dentro de uma gira e no trabalho espiritual.
É arriar a oferenda para o Orixá e receber seu Axé.
É ver um consulente entrar no terreiro chorando e vê-lo mais tarde sair do terreiro sorrindo.
É ter esperança que um dia, nós Umbandistas, acharemos a receita do respeito mútuo.
É ser Umbandista mesmo que outros digam que o que você faz, sua prática, sua fé, sua doutrina, seu acreditar, sua dedicação, seu suor, suas lágrimas e sacrifício, não sejam Umbanda.
É saber que existe vaidade mesmo quando alguém diz que não têm vaidade: vaidade de não ter vaidade.
É saber o que significa a Umbanda não para você,mas para todos.
É saber que as palavras somente não bastam. Deve haver atitude junto com as palavras: falar e fazer, pensar e ser, ser e nunca estar.
É saber que a Umbanda não vê cor, não vê raça, não vê status social, não vê poder econômico, não vê credo. Só vê ajuda, caridade, luta, justiça, cura, lágrima… e bom, mal e bem…Os problemas, as necessidades e a ajuda para solucionar os problemas de quem a procura.
É saber que a Umbanda é livre; não tem dono, não tem Papa, mas está aí para ajudar e servir a todos que a procuram.
É saber que você não escolheu a Umbanda, mas que a Umbanda escolheu você.
É amar com todas as forças essa Religião maravilhosa chamada Umbanda.

HORAS NA UMBANDA


Todas as horas da Umbanda, são controladas por um Orixá independente dos demais, pouco conhecido, chamado ORIXÁ TEMPO, que é o determinante do envio das vibrações cósmicas, assim como o momento exato da utilização do ritual necessário. Como estamos encarnados no terceiro planeta, do sistema solar, controlado por uma estrela de 5ª grandeza, da 2ª Galáxia, um planeta presídio por nós chamado de Terra, temos que nos atentar ao sistema de contagem de tempo do mesmo, embora que não muito consonante com o Tempo Real. Baseados na nossa forma de contagem de Tempo, a Umbanda divide as horas de um dia em três tipos diferentes, a saber:
· Horas Abertas
· Horas Fechadas
· Horas Neutras
HORAS ABERTAS
São consideradas horas abertas na Umbanda, as não classificadas como neutras ou negativas, portanto, positivas para a feitura de qualquer dos trabalhos abaixo enumerados:
1. Mentalização
2. Vidência
3. Irradiação
4. Agrados
5. Amalás
6. Amacís
HORAS FECHADAS
São aquelas que, nenhum dos atos ritualísticos ou litúrgicos descritos acima podem ser efetuados. São consideradas horas fechadas, os 15 minutos anteriores e posteriores à HORA PEQUENA e à HORA GRANDE, ou seja, de 11:45hs às 12:15hs, assim como também de 23:45hs às 00:15hs, horas que são destinadas à entrega de EBÓS, DESCARREGOS, ou o emprego da Força Negativa para a prática do bem.
Nestas Horas Fechadas, não se deve praguejar, amaldiçoar, discutir, entrar ou sair de lugares cobertos e freqüentar locais espúrios.
HORAS NEUTRAS
São aquelas em que qualquer tipo de Ato Litúrgico ou Ritualístico é dado a cada um segundo o seu mérito.
Estas Horas Neutras da Umbanda são muito utilizadas no Esoterismo e classificadas como HORAS TERÇAS e HORAS NONAS (6hs e 18hs).
NOTA: Excetuando-se as Horas Negativas e Neutras, todas as outras horas do dia são consideradas como positivas.
Das 7 Linhas da Umbanda, apenas três podem interferir e alterar o ritual praticado em todas as horas:
1. A Linha de Oxalá
2. A Linha das Senhoras (OXUM, IEMANJÁ, IANSÃ e NANÃ)
3. IBEJI
 

Desenvolvimento Mediúnico


vol143-033…Falar sobre a mediunidade e sua mecânica é algo muito comum no meio espiritualista. Porém, é sempre um tema bastante complicado e polêmico. Exige sempre muita responsabilidade ao falar sobre este tema.
Mas o que todo autor sempre espera do seu leitor é que ele reflita e pondere sempre para o bom senso crítico, racional e emocional.
…Dia-a-dia chegam pessoas novas para o nosso meio religioso, na maioria das vezes dotadas de mediunidade a ser desenvolvida e é aí que mora o perigo…
…A mediunidade têm várias funções para o ser humano, sendo que a principal é encaminhar o médium a uma evolução acelerada.
…Mas como usar disto para evoluir? Ora irmão, ser médium não é ser diferente de ninguém; na verdade, é ter que saber resolver os seus problemas e dos que te procuram, e digo isto a “grosso modo”.
Mas para se ter este equilíbrio é necessário uma caminhada ao seu interior. A espiritualidade espera sempre que com o desenvolvimento mediúnico a pessoa busque sua reforma íntima, afim de ser ajudada e depois poder ajudar o próximo. Quando digo ‘se ajudar’, quero dizer que a pessoa deve encontrar seus erros e seus defeitos e na seqüência buscar o aprimoramento moral. Somente assim a mediunidade começará a ter função em sua vida.
Senhores médiuns, problemas materiais todos nós temos; então, isto nunca deverá ser desculpa para evitar os seus trabalhos mediúnicos e caritativos. Devemos saber administrar tudo isto, sem que uma coisa atrapalhe a outra.
Médiuns, vocês são o espelho dos que lhe procuram.
…Então parem e pensem:
“Eu estou sendo um bom exemplo?”
…Por favor, não venham com a conversa de que sua vida particular não tem nada a ver com a mediúnica.
…Esta desculpa é o mais cruel pecado que o médium pode cometer. Outros usam um ditado que diz: “Faça o que eu falo e não faça o que eu faço”. Um ABSURDO!
…Ser médium é buscar viver a vida terrena em paralelo com a vida espiritual e, para isto, é necessário a reforma íntima, a evangelização e o estudo teológico da religião. É o tal do “Orai e Vigiai”; porém, na verdade, devemos vigiar e orar.
…Agora, para que sair desenvolvendo sua mediunidade de forma desordenada e acelerada se você nem sabe o que vai fazer com este dom? Para que? Para daqui a alguns anos você jogar no lixo !? ! Saiba irmão que, nessa história de mediunidade, o maior necessitado é você mesmo. É você que precisa se ajudar.
…Ser médium é ter a função de aparelho (cavalo ou burro, como queira) para os espíritos. Mas para ser um bom aparelho é necessário ser bem preparado, usar tecnologia de ponta, material de primeira, para que se tenha vida longa, senão será descartado rapidamente e substituído por outro. É assim que a dona de casa faz com a faca que ela compra nas lojas de “R$ 1,99″; porém, se ela comprar uma faca de marca reconhecida e que passou pelos testes de qualidade e procedência, provavelmente irá durar toda a vida.
…O processo de desenvolvimento mediúnico e até mesmo a sua continuidade vai muito além dos rodopios na gira ou do comparecimento no terreiro para incorporar um Caboclo ou Preto-velho.
…Saiba que o desenvolvimento é eterno.
…Após você incorporar o mentor, aí sim seu desenvolvimento espiritual começará.
…O trabalho mediúnico não é só incorporar os mentores em datas e horas predeterminadas.
…Já disse o grande mentor e mestre Ramatís :
…”Não conseguireis bons fluidos em horas programadas, se os contaminais com a intolerância, a cólera, a irritação e o desamor de minutos anteriores.”
Fonte:
Pai Géro – Dirigente C.E.U. – ESPERANÇA –
Como é o desenvolvimento do médium umbandista?
Embora essa questão seja bastante específica e a resposta varie de terreiro para terreiro, aliás como a maioria das questões, explanarei algum pontos que julgo importantes.
Em primeiro lugar é fundamental uma avaliação do médium com relação a Umbanda e suas próprias aspirações. É fundamental que o médium esteja absolutamente certo de que é isso que deseja para si, para sua vida. Que entende a Umbanda como uma forma de evoluir e não de resolver seus problemas.
Em segundo lugar vem a Casa que ele escolhe para realizar esse empreendimento. A Casa deve estar o mais próximo possível do que o médium entende, acredita e deseja para si. É fundamental que seja uma Casa séria e comprometida com a Caridade, ou seja, que seja realmente de Umbanda.
As diferentes ritualísticas da Umbanda servem exatamente para atingir as diversas aspirações.
O médium deve, portanto, escolher com muito cuidado a Casa que irá tornar sua, pois ela deverá ser o sustentáculo físico, a provedora de oportunidades para a consecução dos objetivos de caridade, fraternidade e evolução, pois o sustentáculo espiritual é a própria Umbanda.
Freqüentar a assistência assiduamente, observar, envolver-se, estudar… até ter certeza de que ali é o seu lugar.
Cada Casa tem um critério para ingresso na corrente mediúnica, procure saber qual é.
Ao ingressar para corrente, deverá seguir as orientações recebidas pelo dirigente ou pessoas a sua ordem.
Entender que não será apenas umbandista dos portões para dentro do terreiro, mas sim de coração, corpo e alma. Deverá dedicar-se, educar-se, doutrinar-se sempre segundo as orientações recebidas pelo dirigente. A sua conduta moral deverá ser constantemente vigiada, deverá lembrar-se que ao apresentar-se como umbandista fora do terreiro, terá a obrigação de honrar esse nome.
Participar de todas a sessões abertas aos médiuns novos, estudar com afinco e buscar sempre melhorar seus pensamentos, desejos e vontades. Buscar constantemente evoluir, para assim poder preparar o seu corpo e mente para ser um bom instrumento de entidades e guias que estão num patamar evolutivo muito superior ao nosso.
Buscar tudo isso irá facilitar a incorporação das entidades. Entregar-se de corpo e alma verdadeiramente. Não sentir medo, não querer correr.
É fundamental lembrar que é um momento de adaptação, onde tanto médium quanto entidade estarão se adaptando. Não pode haver pressa, pois “A pressa é inimiga da compreensão“.
Agora, se você deseja saber em quanto tempo você estará incorporando, dando passes e consultas, eu respondo que só dependerá de você, da sua dedicação, empenho e preparo, seguindo sempre as orientações do dirigente da sua Casa, ou seja, da Casa que você escolheu.
Sobre a Incorporação de Exu
Exu e Pomba Gira quando incorporados em seus médiuns, podem se apresentar de duas maneiras básicas: alegres ou sérios. Mas mesmo na alegria não há desrespeito ou comportamentos inadequados a um templo religioso.
E ainda vou mais longe, e o que vou dizer agora visa justamente desmistificar outro mito ligado a Exu. Quando o Exu é deselegante o médium também o é, só que disfarça quando não está “incorporado”.
Esse médium invigilante e portador de moral duvidosa ao receber a energia de incorporação de Exu (que começa a se dar através da aproximação do mesmo), por ser uma energia bastante similar a nossa e justamente por estar mais próxima a crosta terrestre, onde o combate com o Astral Inferior se dá, passa a dar vazão aos seus sentimentos menores, influenciando e interferindo diretamente na incorporação do Exu, que assiste a tudo desconsoladamente. Transferindo para Exu sentimentos e comportamentos que são seus.
Isso não chega a ser mistificação, ou seja, fingimento, porque existe a energia de Exu ao lado ou perto do médium. A mistificação envolve o fingimento puro e simples, sem envolvimento de energia ou proximidade de entidade alguma. Mas trata-se de animismo.
A incorporação de Exu e Pomba Gira envolve a manipulação energética de chacras inferiores, e o que acontece no caso descrito acima é que o médium deliberadamente utiliza mal essa energia. Digo deliberadamente, porque isso envolve intenção, moral e mal aproveitamento da energia de Exu.
Com a continuidade da insistência do médium em se utilizar dessa energia para a manifestação de seus desejos e aspectos menores, em pouco tempo há a queda do médium… O Exu se arranca e fica o que? Kiumba que assume o nome do Exu e aumenta os desvarios… E o médium não percebe porque no fundo usa a influência do kiumba (aliás, um usa o outro) para brigar com a mulher, encher a cara de cachaça, falar palavrão, fazer pedidos de oferendas nas encruzilhadas da vida, matança de animais e outras aberrações.
Cabe a direção da Casa coibir veementemente esses comportamentos no seu nascedouro, ou seja, no médium e assim que começam acontecer. Chamando-o a realidade, orientando e desestimulando atitudes desse tipo. Tentando recuperar o médium. Mas se for o caso não deve pestanejar em tomar medidas drásticas para a solução do problema.
As Quatro Velas
Quatro velas estavam queimando calmamente. O ambiente estava tão silencioso que se podia ouvir o diálogo que tratavam.
A primeira disse:
- Eu sou a Paz! Apesar da minha luz as pessoas não conseguem manter-me, acho que vou apagar.
E diminuindo devagarzinho, apagou totalmente.
A segunda disse:
- Eu me chamo Fé! Infelizmente sou muito supérflua. As pessoas não querem saber de Deus. Não faz sentido continuar queimando. Ao terminar sua fala, um vento levemente bateu sobre ela, e esta se apagou.
Baixinho e triste a terceira vela se manifestou:
- Eu sou o Amor! Não tenho mais forças para queimar. As pessoas me deixam de lado, só conseguem se enxergar, esquecem-se até daqueles à sua volta que lhes amam. E sem esperar apagou-se.
De repente… entrou uma criança e viu as três velas apagadas.
- Que é isto? Vocês deviam queimar e ficar acesas até o fim. Dizendo isso começou a chorar.
Então a quarta vela falou:
- Não tenhas medo criança, enquanto eu queimar podemos acender as outras velas, eu sou a Esperança!
A criança com os olhos brilhantes pegou a vela que restava e acendeu todas as outras.
“QUE A VELA DA ESPERANÇA NUNCA SE APAGUE DENTRO DE NÓS”.
Médiuns Irresponsáveis
Autor: Manoel Philomeno de Miranda (espírito) / psicografia de Divaldo Franco
Associou-se indevidamente à pessoa portadora de mediunidade ostensiva a qualidade de Espírito elevado.O desconhecimento do Espiritismo ou a informação superficial sobre a sua estrutura deu lugar a pessoas insensatas considerarem que, o fato de alguém ser possuidor de amplas faculdades medianímicas, caracteriza-se como um ser privilegiado, digno de encômios e projeção, ao mesmo tempo possuidor de um caráter diamantino, merecendo relevante consideração e destaque social.Enganam-se aqueles que assim procedem, e agem perigosamente, porquanto, a mediunidade é faculdade orgânica, de que quase todos os indivíduos são portadores, variando de intensidade e de recursos que facultem o intercâmbio com os Espíritos, encarnados ou não.
Neutra, do ponto de vista moral, em si mesma, a mediunidade apresenta-se como oportunidade de serviço edificante, que enseja ao seu portador os meios de auto-iluminar-se, de crescer moral e intelectualmente, de ampliar os dons espirituais, sobretudo, preparando-se para enfrentar a consciência após a desencarnação.Às vezes, Espíritos broncos e rudes apresentam admiráveis possibilidades mediúnicas, que não sabem ou não querem aproveitar devidamente, enquanto outros que se dedicam ao Bem, que estudam as técnicas da educação das faculdades psíquicas, não conseguem mais do que simples manifestações, fragmentárias, irregulares, quase decepcionantes.
Não se devem entristecer aqueles que gostariam de cooperar com a mediunidade ostensiva, porquanto a seara do amor possui campo livre para todos os tipos de serviço que se possa imaginar.
Ser médium da vida, ajudando, no lar e fora dele, exercitando as virtudes conhecidas, constitui forma elevada de contribuir para o progresso e desenvolvimento da Humanidade.Através da palavra, oral e escrita, quantos socorros podem ser dispensados, educando-se as criaturas, orientando-as, levando-as à edificação pessoal, na condição de médium do esclarecimento?!Contribuindo, nas atividades espirituais da Casa Espírita, pela oração e concentração durante as reuniões especializadas de doutrinação, qualquer um se torna médium de apoio.Da mesma forma, através da aplicação dos passes, da fluidificação da água, brindando a bioenérgia, logra-se a posição de médium da saúde.Na visita aos enfermos, mantendo diálogos confortadores, ouvindo-os com paciência e interesse, amplia-se o campo da mediunidade de esperança.Mediante o dialogo com os aturdidos e perversos, de um ou do outro plano da vida, exerce-se a mediunidade fraternal da iluminação de consciência.
Neste mister, aguça-se a percepção espiritual e desenvolvem-se os pródromos das faculdades adormecidas, que se irão tornando mais lúcidas, a fim de serem usadas dignamente em futuros cometimentos das próximas reencarnações.Ser médium é tornar-se instrumento; e, de alguma forma, como todos nos encontramos entre dois pontos distantes, eis-nos incursos na posição de intermediários.
Ter facilidade, porém, para sentir os Espíritos é compromisso que vai além da simples aptidão de contatá-los.Desse modo, à semelhança da inteligência que se pode apresentar em indivíduos de péssimo caráter, que a usam egoística, perversamente, ou como a memória, que brota em criaturas desprovidas de lucidez intelectual, e perde-se, pela falta de uso, também a mediunidade não é sintoma de evolução espiritual.
Allan Kardec, que veio em nobre missão, Espírito evoluído que é, viveu sem apresentar qualquer faculdade mediúnica ostensiva, enquanto outros indivíduos do seu tempo, que exerceram a faculdade medianímica, por inferioridade moral, venderam os seus serviços, enxovalharam-na, criaram graves empecilhos à divulgação da Doutrina Espírita que, indevidamente, foi confundida com os maus exemplos desses médiuns inescrupulosos e irresponsáveis.
Certamente, o médium ostensivo, aquele que facilmente se comunica com os Espíritos, quando é dotado de sentimentos nobres e possui elevação, torna-se missionário do Bem nas tarefas a que vai convocado, ampliando os horizontes do pensamento para a imortalidade, para a vitória do ser libertado de todas as paixões primitivas.
Normalmente, e as exceções são subentendidas, os portadores de mediunidade ostensivas, porque se encontram em provações reparadoras, falham no desiderato, após o deslumbramento que provocam e a auto-fascinação a que se entregam por invigilância e presunção.
Toda e qualquer expressão de mediunidade exige disciplina, educação, correspondente conduta moral e social do seu portador, a fim de facultar-lhe a sintonia com Espíritos Superiores, embora o convívio com os infelizes, que lhe cumpre socorrer.
O médium irresponsável, porém, não é apenas aquele que, ignorando os recursos de que se encontra investido, gera embaraços e perturbações, tombando nas malhas da própria pusilanimidade, mas também, aqueloutros que, esclarecidos da gravidade do compromisso, se permitem deslizes morais, veleidades típicas do caráter doentio, terminando vitimados pelas obsessões cruéis.
Todo aquele, portanto, que deseje entregar-se ao Bem, na seara dos médiuns, conscientize-se da responsabilidade que lhe diz respeito, e, educando a faculdade, torne-se apto para o ministério, servindo sempre e crescendo intimamente com os olhos postos no próprio e no futuro feliz da sociedade.
 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA UMBANDA




Muitos ignoram certas verdades sobre a Umbanda e a julgam apressadamente, sem conhecer seus ideais, gerando todas as dificuldades e o preconceito que ela vem enfrentando, isso por culpa de alguns dirigentes de terreiros que por também, muitas das vezes, não conhecerem estas verdades, manipulam e enganam seus seguidores e a si mesmos, julgando estarem praticando a Umbanda quando na realidade são meros instrumentos de "entidades" ou espíritos que não tem o mínimo de conhecimento das questões espirituais. Quando também não se deixam levar por sua vaidade pessoal e na maioria das vezes são mal informados sobre a origem e a verdadeira natureza da Umbanda, o que os leva a confundi-la com os Cultos de Nação ou com o Espiritismo.
O próprio umbandista acaba sendo também um dos grandes culpados por disso, por a Umbanda manifestar-se na maioria das vezes por pessoas simples, de uma fé menos exigente, é o que as tornam com mais facilidade, vítimas dos pretensos sábios e donos da verdade. O adepto não buscando esse conhecimento mais aprofundado sobre sua religião, foi deixando que a ela recebesse essa marca, esse rótulo, contribuindo para o aumento do preconceito contra seus rituais, seu vocabulário e seus costumes. Também devido às grandes manifestações de sectaristas religiosos, que preferem julgar antes e, talvez, conhecer depois, víamos e ainda vemos, o crescimento desse preconceito,
A Umbanda é um movimento muito forte no mundo espiritual, e seus mistérios vêm sendo revelados de forma velada, onde o adepto vai tomando conhecimento sobre os mesmos através de seus mentores espirituais, os Orixás, aos quais devemos dedicar todo o mérito dos trabalhos, e também no dia-a-dia de sua dedicação, desenvolvendo e solidificando seus conhecimentos sempre baseados na Lei da Verdade, do Amor e da Caridade.
Os fundamentos da Umbanda variam de acordo coma vertente que a pratique, mas existem alguns conceitos básicos que são encontrados na maioria das casas e assim podem, com certa ressalva e cuidado, ser generalizados para todas as formas de Umbanda. São eles: 
 A existência de uma fonte criadora universal, um Deus Supremo, chamado Olorum ou Zambi
 · O culto aos Orixás como manifestações divinas, onde cada Orixá se confunde com um elemento da natureza do planeta ou da própria personalidade humana, em suas necessidades, construções de vida e sobrevivência;
· O mediunismo como forma de contato entre o mundo físico e o espiritual, manifestado de diferentes formas;
 · A manifestação das Entidades, ou Guias, espíritos ainda em processo de evolução, para exercerem o trabalho espiritual incorporado em seus médiuns, organizados em planos e/ou linhas de evolução;
· Uma doutrina, uma regra, uma conduta moral e espiritual que é seguida em cada casa de forma variada e diferenciada, de acordo com suas raízes, que existe para nortear seus trabalhos;
 · Tem como fundamento básico de seus rituais: o uso do branco, não cobrar pelos trabalhos, não matar e não utilizar o sacrifício de animais
· A obediência aos ensinamentos básicos dos valores humanos, como: fraternidade, caridade e respeito ao próximo e por si mesmo. Sendo a caridade uma máxima encontrada em todas as manifestações existentes;
· A crença na imortalidade da alma;
 · A Crença na reencarnação e nas leis kármica   Devido a  Umbanda ser uma doutrina espiritualista como o Espiritismo, o Catolicismo, o Esoterismo, justifica o fato de haver entre ela diferenças essenciais entre seus templos, que lhe dão características próprias. É resultante natural da fusão espiritual das raças branca, índia e negra. Podemos observar em conversas entre Umbandistas é que muitos querem impor seu culto aos outros, achando que somente a sua Umbanda está correta. Alguns querem enfiar o africanismo goela abaixo dos demais, outros querem a todo o custo impor que o Espiritismo é a base mais correta, alguns querem convencer os demais que a Umbanda de Saraceni é a correta ou ainda que a Umbanda de Zélio é a única e verdadeira. Querem transformar a religião num grande campeonato onde um grupo é melhor que o outro. e a paixão elimina a razão. Devemos tentar ver a umbanda como uma religião criada pelo mundo espiritual, onde se aproveita os bons exemplos das diversas religiões, que com o passar do tempo vem se aperfeiçoando, por isso cada vez mais vemos a aglutinação de novos adeptos justamente por ela seguir os ensinamentos dos grandes mestres da humanidade que pregaram o amor, a caridade, a tolerância, a humildade e o fazer o bem sem importar-se a quem.
Nossa Religião foi cuidadosamente desenvolvida pelo Mundo Espiritual para trazer evolução aos médiuns participantes e um alento aos seres encarnados que necessitam de uma palavra amiga, um consolo de paz, de esperança e perseverança.
Nunca uma Entidade nos transmitiu qual a Umbanda é a correta, qual a Umbanda é a mais eficiente, qual a Umbanda é a verdadeira, sempre nos dizem que devemos ser médiuns dedicados e que devemos sempre estarmos preparados para ajudar ao próximo, buscando zelar pelo bom nome de nossa Religião, sem esperarmos retribuições de quaisquer formas que não sejam o reconhecimento do mundo espiritual.
Acreditamos que todas as Umbandas são corretas desde que sejam praticadas com dedicação, amor e humildade. Umbanda é uma só, ela é a religião do presente e do futuro e a medida que os não simpatizantes vão conhecendo sua beleza e sua simplicidade, seus corações serão envoltos pela magia do amor, da caridade, da humildade e da fé, dissipando assim todas as discriminações que hoje ela ainda sofre.
Devemos estar sempre atentos e continuar buscando o máximo de conhecimento, para podermos nos esclarecer e assim ajudar tirar essa visão deturpada que a maioria das pessoas tem em relação aos rituais sagrados da Umbanda. Só assim estaremos dando mais um passo para o crescimento e o fortalecimento de nossa religião.